PERÍODO INTERBLICO l-ll
Dedicatória:
A
todos aqueles que são “nascidos de novo” (João 3), para que possam estar firmes
na Palavra, conhecendo as profecias, crendo nelas, observando os sinais dos
tempos, para que não sejam “confundidos por Ele na Sua vinda” (1 Jo 2:28),
“Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam
mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas
boas obras que em vós observem” (1 Pe 2:12). Sabendo, principalmente, que: “...
ainda um pouquinho de tempo, e o que há de vir virá, e não tardará” (Hb 10:37).
Aos
ainda não salvos, com a esperança de que se arrependam e creiam, o quanto antes
(Lucas 12:20), no Senhor Jesus Cristo, ÚNICO caminho que leva ao Pai (João
14:6), sabendo que “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu
nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At
4:12).
E, principalmente:
“... ao Rei dos séculos, imortal,
invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém”.
(1Tm 1:17)
SOBRE O AUTOR
Pastor Celso Soares Neto, filho de Pedro
Maria Filho e Zilda Maria de Jesus, nascido em 15/01/1967, na cidade de Dores
do Indaiá/MG a Avenida da Saudade 181 (conhecida com Beco do Cemitério), onde vivi com meus pais e 14 (quatorze)
irmãos, todos filhos de um mesmo casamento. Criado com muito amor e disciplina,
também com grandes dificuldades financeiras.
Minha mãe padecia de diversas enfermidades,
sendo assim fui praticamente criado por minhas duas irmãs Márcia e Aparecida.
Vim para Belo Horizonte aos 17(dezessete)
anos para trabalhar no Banco Mercantil do Brasil, onde trabalhei por 11 (onze)
anos, fui criado nesta época por minha irmã Branca e seu esposo Amadeu no qual
foram meus segundo pais, de onde sai para casar em 1990.
Já casado passamos 06 (seis) anos sem Jesus
em nosso casamento, mas faço menção ao meu cunhado Gerson Lopes Cançado, (in memoriam)
esposo da minha irmã Maria José, que muito me falava sobre Jesus, dando-me um
Novo Testamento cumprindo assim em minha vida a palavra do Senhor que a semente
(palavra) lançada não voltará vazia, também a minha amada sogra Maria das
Mercês de Souza (in memoriam) que tanto orou por mim e minha esposa.
Casamo-nos na Igreja Batista do Barreiro,
casamento celebrado pelo Pastor Carlos (conhecido como Carlão).
No tempo determinado por Deus, aceitei
Jesus na Igreja Pentecostal Jesus é Amor, liderada pela Missionária Nilza,
minha mãe na fé. Fui muito auxiliado,
por minha cunhada Mercês Maria, que aliás tem me ajudado espiritualmente
até nos dias de hoje. Ao aceitar Jesus fui
chamado para fazer parte do quadro de ceifeiros de sua obra, onde fui
pastor por 04 (quatro) anos no Bairro Sol Nascente em Ibirité/MG.
Sendo direcionado pelo Senhor vim para
Igreja Pentecostal Varões de Guerra, Congregação João Gomes Cardoso, onde
permaneço até esta data, sendo pastor dirigente. Fui recebido pelo pastor
presidente Ralph A. Assé, que me confiou a liderança desta igreja.
PERÍODO INTERBÓBLICO l
I. Desenvolvimento Político
A
Expressão “400 anos de silêncio”, frequentemente empregada para escrever o
período entre os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T.
não é correta nem apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse
erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. já estivesse completo aos
olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo
posterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para
a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.
Supremacia Persa
Por
cerca de um século depois da época de Neemias, o império Persa exerceu controle
sobre a Judéia. O período foi relativamente tranquilo, pois os persas permitiam
aos judeus o livre exercício de suas instituições religiosas. A Judéia era dirigida
pelo sumo sacerdotes, que prestavam contas ao governo persa, fato que, ao mesmo
tempo, permitiu aos judeus uma boa medida de autonomia e rebaixou o sacerdócio
a uma função política. Inveja, intriga e até mesmo assassinato tiveram seu
papel nas disputas pela honra de ocupar o sumo sacerdócio. Joanã, filho de
Joiada (Ne 12.22), é conhecido por ter assassinado o próprio irmão, Josué, no
recinto do templo.
A
Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos durante este período, e
a Judéia, situada entre os dois impérios não podiam escapar ao envolvimento.
Durante o reino de Artaxerxes III muitos judeus engajaram-se numa rebelião
contra a Pérsia, e foram deportados para Babilônia e para as margens do mar
Cáspio.
Alexandre, o Grande.
Em
seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 AC), Alexandre
marchou para a Síria e Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi
conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção ao Egito. Diz à lenda
que quando Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao
seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais o exército
grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério pelos
historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem aos judeus.
Ele lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos
sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 AC), estimulou os judeus
a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos
gregos.
A Judéia sob os Ptolomeus
Depois
da morte de Alexandre (323 AC), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo a Antígono,
um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor.
Subsequentemente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia
então dominado o Egito), cognominado Soter, o Libertador, o qual capturou
Jerusalém num dia de sábado em 320 AC Ptolomeu foi bondoso para com os judeus.
Muitos deles se radicaram em Alexandria, que continuou a ser um importante
centro da cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No governo de
Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de Alexandria começaram a traduzir a sua Lei,
i.e., o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria posteriormente conhecida
como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 -
seis de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente inspirados para produzir
uma tradução infalível. Nos subsequentes todo o Antigo Testamento foi incluído
na Septuaginta.
A Judéia sob os Selêucidas
Depois
de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos
Ptolomeus,
Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina aos Ptomeus do
Egito (198 AC). Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu
reino, construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por
Seleuco I (Nicator).
Durante
os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote
continuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia, surgiram conflitos
entre o partido helenista e os judeus ortodoxo. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao
partido helenista e indicou para o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué
para Jasom e que estimulava o culto a Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído
depois de dois anos por um rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era
Menelau). Quando partidários de Jasom entraram em luta com os de Menelau, Antíoco
marchou contra Jerusalém, saqueou o templo e matou muitos judeus (170 AC). As
liberdades civis e religiosas foram suspensas, os sacrifícios diários forma
proibidos e um altar a Júpiter foi erigido sobre o altar do holocausto. Cópias
das Escrituras foram queimadas e os judeus foram forçados a comer carne de
porco, o que era proibido pela Lei. Uma porca foi oferecida sobre ao altar do
holocausto para ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus.
Os Macabeus
Não
demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua causa.
Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros
a oeste de Jerusalém, esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom
exemplo perante o seu povo, oferecendo um sacrifício pagão. Ele, porém, além de
recusar-se a fazê-lo, matou um judeu apóstata junto ao altar e o oficial sírio
que presidia a cerimonia. Matatias fugiu para a região montanhosa da Judéia e,
com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios.
Embora o velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo liberto do jugo
sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas, cognominado “o
Macabeu”, assumiu a liderança depois da morte do pai. Por volta de 164 AC Judas
havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os
sacrifícios diários. Pouco depois das vitórias de Judas, Antíoco morreu na
Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis selêucidas continuaram
por quase vinte anos.
Aristóbulo
I foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de “Rei dos Judeus”.
Depois de um breve reinado, foi substituído pelo tirânico Alexandre Janeu, que,
por sua vez, deixou o reino para sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi
relativamente pacífico. Com a sua morte, um filho mais novo, Aristóbulo II,
desapossou seu irmão mais velho. A essa altura, Antípater, governador da
Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a ameaça de guerra civil. Consequentemente,
Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões,
buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II
tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade
e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos tesouros do
templo.
Roma
Marco
Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio Cesar e da morte
de Antípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro governante
da Judéia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono.
Por algum tempo chegou a reina em Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater,
regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio de Roma. Seu casamento
com Mariamne, neta de Hircano, ofereceu um elo com os governantes Macabeus.
Herodes
foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável
Hircano (31 AC) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois filhos.
No seu leito de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa.
Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos
em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos Judeus.
II. Grupos Religiosos dos Judeus
Quando,
seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do Oriente
Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus
pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas ideias
que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o judaísmo deu
origem a diversas seitas judaicas.
Os Fariseus
Os
fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado
contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”, foi provavelmente
dado a eles por seus inimigos, para indicar que eram não conformistas. Pode,
todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os separava de seus compatriotas
judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagãos. A lealdade à verdade às vezes
produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal
farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo
ortodoxo do judaísmo de sua época. (Fp 3.5).
Saduceus
O
partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Zadoque, o sumo
sacerdote escolhido por Salomão (1Rs 2.35), negava autoridade à tradição e olhava
com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles negavam a doutrina
da ressurreição, e não criam na existência de anjos ou espíritos (At 23.3). Eram,
em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam de bom grado com os helenistas
da época. Ao tempo do N.T. controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga,
por outro lado, era a cidadela dos fariseus.
Essênios
O
essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mundanismo
dos saduceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e
celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrituras, à oração e às
lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua
laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a
seus princípios. O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito
do Mar Morto foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um
centro essênio de estudo no deserto da Judéia. Os rolos indicam que os membros
da comunidade haviam, abandonado as influências corruptas das cidades judaicas
para prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que
viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.
Escribas
Os
escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma profissão.
Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados autoridades
quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua linha de
pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem frequentemente associados
no N.T.
Herodianos
Os
herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com
os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina
em sua época. Os herodianos eram mais um partido político que uma seita religiosa.
A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas
expressas nas reações sectárias dentro do judaísmo pré-cristão forneceram o
referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo. Frustrações e conflitos
prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na “plenitude do
tempo” (Gl 4.4)
PERÍODO INTERBÍBLICO ll
INTRODUÇÃO
O escopo da disciplina Novo Testamento I abrangerá o estudo
panorâmico dos Evangelhos e do livro de Atos, com enfoque nos aspectos histórico,
literário e teológico. A contextualização histórica é de fundamental
importância no estudo das Sagradas Escrituras. Tal preocupação se apresenta com
frequência nas páginas bíblicas. Tomemos como exemplos os escritos proféticos,
onde se nota constantemente a citação dos nomes dos reis, o ano do seu reinado,
o local onde o profeta se encontrava e outros dados contextuais (Jr.1.1-3).
Tais informações situam a vida do profeta e sua mensagem em um cenário real e
historicamente conhecido. Da mesma forma, é mister que tenhamos o conhecimento
do contexto histórico que emoldura os fatos narrados nos Evangelhos e em Atos. A
localização histórica das origens cristãs evidencia seu caráter factual, o que
não é possível demonstrar em relação a diversas religiões, cujas raízes estão amparadas
em lendas, sonhos e visões.
Iniciaremos nossa contextualização pelo chamado "Período
Interbíblico", a fim de traçarmos a ligação histórica entre o Velho e o
Novo Testamento. Tal exame também possibilitará melhor compreensão dos fatores
que construíram o cenário político, social e religioso encontrado por Cristo na
Palestina. Ao lermos o Novo Testamento, deparamos com muitos problemas cujos
motivos se encontram no período interbíblico.
O PERÍODO INTERBÍBLICO
Esse período teve a duração de aproximadamente 450 anos.
Normalmente se faz referência a esse tempo como uma época em que Deus esteve em
silêncio para com o seu povo. Nenhum profeta de Deus se manifestou ou, pelo
menos, nenhum deixou escrito que tenham sido considerados canônicos.
Vamos examinar a situação da Palestina durante esse período,
principalmente no que se refere aos impérios, governos, as relações de Israel
com os povos vizinhos e as implicações religiosas e sociais destes elementos.
O IMPÉRIO PERSA - FINAL DO V.T.
O Velho Testamento termina com as palavras de Malaquias, o qual
profetizou entre 450 e 425 a.C.. Nesse tempo, a Palestina estava sob o domínio
do Império Persa, o qual se estendeu até o ano 331 a.C.. Embora o rei Ciro
tenha autorizado os judeus a retornarem do exílio, o domínio Persa continuava
sobre eles. De volta à Palestina, o povo judeu passou a ter um governo local
exercido pelos sumo sacerdotes, embora não houvesse independência política.
Eram comuns as disputas pelo poder.
O IMPÉRIO GREGO - 335 a 323 a.C.
Paralelamente ao Império Persa, crescia o poder de um rei
macedônico, Felipe, o qual empreendeu diversas conquistas na Ásia menor e ilhas
do mar Egeu, anexando a Grécia ao seu domínio. Desejando expandir seu
território, entrou em confronto com a Pérsia, o que lhe custou a vida. Foi
sucedido por seu filho, Alexandre Magno, que também ficou conhecido como
Alexandre, o Grande, o qual havia estudado com Aristóteles. A mitologia grega,
com seus deuses e heróis parece ter inspirado o novo conquistador. Alexandre
tinha 20 anos quando começou a governar. Seu ímpeto imperialista lhe levou a
conquistar a Síria, a Palestina (332 a.C.) e o Egito. Notemos então que o
território israelense passou do domínio persa para o domínio grego.
No Egito, Alexandre
construiu uma cidade em sua própria homenagem, dando-lhe o nome de Alexandria,
a qual se encontrava em local estratégico para o comércio entre o Mediterrâneo,
a Índia e o extremo Oriente. Essa cidade se tornou também importante centro
cultural, substituindo assim as cidades gregas. Entre suas construções destacaram-se
o farol e a biblioteca.
Em 331, Alexandre se dedicou a libertar algumas cidades gregas do
domínio da Pérsia. Seu sucesso militar foi tão grande que se considerou capaz
de enfrentar a própria capital do império. E assim conquistou a Pérsia.
Contudo, nessa batalha, que ficou conhecida como Arbela ou Gaugamela, as tropas
gregas tiveram de enfrentar um exército de elefantes, os quais foram usados
pelo rei da Pérsia. Alexandre venceu o combate, mas os elefantes foram motivo
de grande desgaste para seus soldados. Alexandre se denominou então "Rei
da Ásia" e passou a exigir para si o culto dos seus subordinados, de
conformidade com as práticas babilônicas.
Em 327 a.C., em suas
batalhas de conquista rumo ao Oriente, Alexandre encontra outro exército de
elefantes, o que fez com que seus soldados se amotinassem, recusando-se a prosseguir.
Terminaram-se assim as conquistas de Alexandre Magno. Em 323 a.C., foi acometido
pela malária, a qual lhe encontrou com o organismo debilitado pela bebida .Não
resistiu à doença e morreu naquele mesmo ano. Não deixou filhos, embora sua esposa,
Roxane, estivesse grávida. Quanto aos judeus, Alexandre os tratou bem e teve muitos
deles em seu exército. Após a sua morte, o Império Grego foi divido entre os seus
generais, dentre os quais nos interessam Ptolomeu, a quem coube o governo do Egito,
e Seleuco, que passou a governar a Síria.
O GOVERNO DOS PTOLOMEUS
A Palestina ficou sob o domínio do Egito. Os descendentes de
Ptolomeu foram chamados Ptolomeus. Eis os nomes que se sucederam enquanto a
Palestina esteve sob o seu governo (323 a 204 a.C.):
Ptolomeu I (Sóter) - 323 a 285 a.C.
Ptolomeu II (Filadelfo) - 285 a 246 a.C. – Durante o seu governo
foi elaborada, em Alexandria, a Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para
o grego. Filadelfo foi amável com os judeus.
Ptolomeu III (Evergetes) – 246 a 221 a.C.
Ptolomeu IV (Filópater) - 221 a 203 a.C. - Ao voltar de uma
batalha contra a Síria, Filópater visitou Jerusalém e tentou entrar no Santo
dos Santos. Contudo, foi acometido de um pavor repentino que o fez desistir do
seu propósito. Foi um grande perseguidor dos judeus.
Ptolomeu Epifânio – 203 a 181 a.C. – Tinha 5 anos de idade quando
seu pai, Filópater morreu. Aproveitando a situação, Antíoco - o Grande, rei da
Síria, toma o poder sobre a Palestina no ano 204.
O GOVERNO DOS SELÊUCIDAS
Os reis da Síria, descendentes do general Seleuco, foram chamados
Selêucidas. De 204 a 166 a.C., a Palestina esteve sob o domínio da Síria. Eis a
relação dos selêucidas do período:
Antíoco III - O Grande – 223 a 187 a.C.
Seleuco IV (Filópater) – 187 a 175 a.C.
Antíoco IV (Epifânio) - 175 a 163 a.C. - Em Israel, o governo
local era exercido por Onias, o sumo sacerdote. Contudo, Epifânio comercializou
o cargo sacerdotal, vendendo-o a Jasão por 360 talentos. Epifânio se esforçou
para impor a cultura e a religião grega em Israel, atraindo sobre si a
inimizade dos judeus. Tendo ido ao Egito, divulgou-se o boato da morte de
Epifânio, motivo pelo qual os judeus realizaram uma grande festa. Ao tomar
conhecimento do fato, o rei da Síria promoveu um grande massacre, matando 40
mil judeus.
Em 168 a.C., Antíoco Epifânio sacrifica uma porca sobre o altar em
Jerusalém e entra no Santo dos Santos. Ordena que o templo dos judeus seja
dedicado a Zeus, o principal deus da mitologia grega, ao mesmo tempo em que
proíbe os sacrifícios judaicos, os cultos, a circuncisão e a observância da lei
mosaica.
Segue-se então um período em que não houve sumo sacerdote em
atividade em Jerusalém (159 a 152 a.C.). Realiza-se então um processo de
helenização radical na Palestina.
Vendo todos os seus valores nacionais sendo destruídos e
profanados, os judeus reagiram contra Epifânio.
O GOVERNO DOS MACABEUS - 167 a 37 a.C.
Surge no cenário judaico uma importante família da tribo de Levi:
os Macabeus. Em 167, o macabeu Matatias se recusa a oferecer sacrifício a Zeus.
Outro homem se ofereceu para sacrificar, mas foi morto por Matatias, o qual organiza
um grupo de judeus para oferecer resistência contra os selêucidas. Tal
movimento ficou conhecido como a Revolta dos Macabeus. A Palestina continuou
sob o domínio da Síria. Contudo, a Judéia voltou a possuir um governo local,
exercido pelos Macabeus. Ainda não se tratava de independência, mas já havia
alguma autonomia. A seguir, apresentamos os nomes dos governantes macabeus e
alguns de seus atos em destaque.
Matatias (167-166 a.C.)
Judas (filho de Matatias) (166-160 a.C.) - Purifica o templo, conquista
liberdade religiosa, restabelece o culto.
Jônatas (filho de Matatias) (160-142 a.C.) – Reinicia a atividade
de sumo sacerdote.
Simão (filho de Matatias) (142-135 a.C.) - Reforça o exército e
consegue isenção de impostos. Nesse momento a Síria se encontrava fraca, e a
Judéia se torna independente. A independência durou entre 142 e 63 a.C.. Simão
foi sumo sacerdote e rei da Judéia. Pediu apoio de Roma contra a Síria.
João Hircano (filho de Simão) (135-104 a.C.) – Tinha tendência
imperialista. Conquistou a Iduméia e Samaria. Destruiu o templo samaritano e
sofreu oposição dos "hassidim", seita dos "santos".
Aristóbulo I – (104-103 a.C.) – prendeu a mãe e matou o irmão.
Alexandre Janeu (103-76 a.C.) - conquistou costas da Palestina – O
território de Israel chegou a ter extensão semelhante à que tinha nos dias do
rei Davi. Janeu sofreu a oposição dos fariseus.
Alexandra Salomé (esposa de Alexandre) (76-67 a.C.) – foi uma
governante pacífica.
Aristóbulo II - (67-63 a.C.) briga pelo poder com seu irmão,
Hircano II. Em 63 a.C., Aristóbulo provoca Roma. Pompeu invade Jerusalém,
deporta Aristóbulo e coloca Hircano II no poder.
Hircano II (63-40 a.C.)
Em Roma, o governo é exercido por Pompeu, Crasso e Júlio César,
formando o primeiro Triunvirato. Os três brigam entre si pelo poder. Júlio
César vence e torna-se Imperador Romano. Em seguida, nomeia Antípatro, idumeu,
como procurador sob as ordens de Hircano. Faselo e Herodes, filhos de
Antípatro, são nomeados governadores da Judéia e Galiléia. Um ano depois,
Antípatro morre envenenado. Passados 3 anos, o Imperador Júlio César morre
assassinado. Institui-se um novo triunvirato, formado por Otávio, sobrinho de César,
Marco Antônio e Lépido. Marco Antônio e Herodes eram amigos.
Herodes casa-se então com Mariana, neta de Hircano, vinculando-se
assim à família dos Macabeus.
Na tentativa de tomar o poder, Antígono, filho de Aristóbulo II,
corta as orelhas de Hircano II, impossibilitando-o de continuar a exercer o
sumo sacerdócio.
Antígono (40-37 a.C.) - Uma de suas ações foi perseguir Herodes, o
qual dirigiu-se a Roma, denunciou a desordem e foi nomeado rei da Judéia (37
d.C.). Antígono foi morto pelos romanos.
Termina assim, a saga dos Macabeus, cujo princípio foi brilhante
nas lutas contra a Síria. Entretanto, foram muitas as disputas pelo poder
dentro da própria família. Perderam então a grande oportunidade que os judeus
tiveram de se tornarem uma nação livre e forte. Acabaram caindo sob o jugo de
Roma.
O IMPÉRIO ROMANO
Sendo nomeado por Roma como rei da Judéia, Herodes passou a
governar um grande território. Contudo, sua insegurança e medo de perder o
poder o levaram a matar Aristóbulo, irmão de Mariana, por afogamento. Depois,
matou a própria esposa e estrangulou os filhos.
A violência de Herodes provocou a revolta dos judeus. Para
apaziguá-los, o rei iniciou uma série de obras públicas, entre as quais a
construção (reforma) do templo, que passou a ser conhecido como Templo de
Herodes.
O domínio direto do Império Romano sobre a Palestina iniciou-se no
ano 37 a.C., estendendo-se por todo o período do Novo Testamento.
Quadro histórico social do Novo Testamento
Política 37 a.C.
a 70 d.C.
Esquema parcial da hierarquia
no Império Romano
O esquema acima apresenta alguns elementos da hierarquia do Império.
Nosso objetivo é visualizar principalmente os modelos administrativos
estabelecidos sobre os povos conquistados.
No tempo do nascimento de Cristo, o Imperador era Augusto, o qual
instituiu o culto a si mesmo por parte dos seus súditos. Em algumas regiões
havia a figura do rei. Naquele mesmo período o rei da Palestina era
Herodes. Esta região teve sua divisão política alterada diversas
vezes, sendo até governada por mais de um rei em determinados momentos. Além do
rei, havia em algumas épocas e lugares a figura do procurador, ou governador.
Quando Jesus nasceu, o procurador se chamava Copônio. Na sequência aparecem os
publicanos, os quais não possuíam poder administrativo mas tinham a função de
coletar impostos. Eram necessariamente nativos da província. Seu conhecimento
da terra, do povo, dos costumes e da língua tornava-os mais eficientes na
coletoria do que poderia ter sido um cidadão romano que fosse enviado para esse
fim. Os publicanos eram considerados por seus compatriotas como traidores, já que
cobravam impostos dos seus irmãos para entregar ao dominador inimigo. A palavra
publicano se tornou sinônimo de pecador.
Sob esse domínio se encontrava a província. Assim era chamada
qualquer região conquistada pelos romanos fora da Itália. As províncias que se
encontravam dentro desse modelo eram administradas mais diretamente pelo
Imperador. Tratava-se de regiões ainda não pacificadas, recém conquistadas,
cuja população ainda não se acomodara sob o jugo de Roma. Nessas terras havia a
presença constante das tropas romanas, as quais se dividiam principalmente em
legiões (com 6000 homens), coortes (com 1000 homens) e centúrias (com 100
homens). Na província da Judéia havia uma instituição local chamada Sinédrio, o
qual era formado por 71 membros e presidido pelo sumo sacerdote. O Sinédrio era
o supremo tribunal local e tinha poderes para julgar questões civis e
religiosas, uma vez que as duas coisas eram tratadas pela mesma lei. Tais
autoridades tinham até mesmo a prerrogativa de aplicar a pena de morte contra
crimes cometidos na comunidade local. A polícia recebia ordens do Sinédrio.
Essa estrutura pode ser claramente observada nas páginas dos
evangelhos, principalmente nos relatos que tratam da prisão, julgamento e
crucificação de Cristo, o qual foi preso pela polícia do Sinédrio, e levado
diante desse tribunal local. Os integrantes do Sinédrio, embora tivessem poder
para matá-lo, parecem ter vacilado diante de tamanha
responsabilidade. Levaram-no diante do Procurador da Judéia, Pilatos, o qual o
encaminhou para a presença de Herodes, o rei da Galiléia. Ninguém queria
assumir a responsabilidade pela crucificação. Contudo, Cristo é devolvido a Pilatos,
que considerou o lavar da mãos como ato suficiente para isentá-lo da culpa de matar
o Filho de Deus. (Mt.26.44,57,59; 27.2; Lc.23.7) Vemos aí a hierarquia governamental
em evidência. O imperador também foi lembrado naquelas circunstâncias, mas
apenas para uma menção rápida em João 19.12 para pressionar o Procurador.
Havia ainda outro tipo de província. Eram aquelas conquistadas há
mais tempo e já pacificadas. Os habitantes desses lugares tinham cidadania
romana. Era o caso do apóstolo Paulo, que nasceu em Tarso, e tinha o direito de
ser considerado cidadão romano. Tal prerrogativa proporcionava diversos direitos,
principalmente tratamento respeitoso e especial nas questões jurídicas. Um
cidadão romano não podia, por exemplo, ser açoitado. Paulo foi submetido a
açoites, mas seus algozes ficaram atemorizados quando souberam que tinham
espancado um cidadão romano (Atos 16.37-38). Com base no mesmo direito, Paulo
apelou para César quando quis se defender das acusações que lhe eram feitas
(Atos 25.10-12).
CULTURA E INFRA-ESTRUTURA
Nos dias de Cristo, embora o império fosse romano, a cultura
predominante continuava sendo grega. O extinto império de Alexandre Magno
deixou um grande legado: o helenismo, que significa a influência cultural grega
entre os povos conquistados. Helenismo é derivado de Helas, outro nome da
Grécia. Helenização é o processo de propagação dessa cultura. Devido a essa
difusão, a língua grega se tornou de uso comum. Daí vem a expressão "grego
koiné" (= comum). As cidades gregas eram bem estruturadas. Contavam com
teatros, banhos públicos, ginásios, foros, amplas praças, hipódromos e academias.
Assim, por onde quer que o helenismo se expandisse iam surgindo cidades desse
tipo. Algumas cidades antigas se adaptavam e chegavam até a mudar de nome,
adotando nomes gregos.
É por causa desse contexto que o Novo Testamento foi escrito em
grego, com exceção do evangelho de Mateus.
Além dos elementos helênicos, o cenário contava com estradas
calçadas construídas pelos romanos. Elas facilitavam a circulação das milícias
entre as províncias e a capital. Por essas vias transitavam também mensageiros,
comerciantes e viajantes em geral. Outro destaque da engenharia romana eram os
aquedutos: canais para levar água das montanhas para as cidades.
ATIVIDADES ECONÔMICAS
Com toda a importância das cidades, as construções eram
constantes. Além das casas, estradas e aquedutos, as muralhas também faziam
parte dos projetos. Em Jerusalém havia uma grande obra em andamento nos dias de
Jesus: o templo de Herodes, cuja construção ocorreu do ano 20 a.C. até 64 d.C..
Outras atividades importantes eram: transporte, agricultura,
comércio, pesca, metalurgia, cerâmica, perfumaria, couro, tecidos e armas. Em
Israel, a pecuária, além de atividade econômica, possuía status religioso por
causa dos sacrifícios.
POPULAÇÃO E RELIGIÃO A DIÁSPORA
Nos dias do Novo Testamento, a população judaica encontrava-se
dispersa por vários lugares. Além da própria Palestina, havia inúmeros judeus
em Roma, Egito, Ásia Menor, etc. (Atos 2.9-11; Tiago 1.1; I Pedro 1.1). Tal
dispersão, que recebe o nome de Diáspora, tem razões diversas, começando pelos
exílios para a Assíria e Babilônia, e se completando por interesses comerciais
dos judeus, e até mesmo em função das dificuldades que se verificavam em sua
terra natal. Esse quadro se apresenta como cumprimento claro dos avisos divinos
acerca da dispersão que viria como consequência do pecado de Israel (Dt.28.64).
Assim, o judaísmo acabou se dividindo em função da distribuição geográfica.
Havia o judaísmo de Jerusalém, mais ligado à ortodoxia, e o judaísmo da
Diáspora, ou seja, praticado pelos judeus residentes fora da Palestina. Estes
últimos encontravam-se distantes de suas origens. Se até na Palestina, os
costumes gregos se impunham, muito mais isso ocorria na vida dos judeus em
outras regiões. Estavam profundamente helenizados, embora não tivessem abandonado
o judaísmo. Isto fez com que eles se preocupassem com o futuro de suas
tradições e sua religião. Tomaram então providências para que o judaísmo não
sucumbisse diante do helenismo. Uma delas foi a tradução do Velho Testamento do
hebraico para o grego, chamada Septuaginta. Já que este idioma estava se
tornando universal, havia o risco de que, no futuro, as escrituras não pudessem
mais ser lidas, devido à possível extinção do hebraico. Outras obras literárias
foram produzidas, incluindo narrativas históricas, propaganda e apologia judaica,
tudo escrito em grego e com influências gregas. Destacaram-se nessa época os escritores:
Fílon de Alexandria e Flávio Josefo. Tais escritos não foram aceitos pela comunidade
de Jerusalém. Até a tradução bíblica foi rejeitada, uma vez que, para eles, toda
escritura sagrada devia ser produzida necessariamente em hebraico. Essa obra no
idioma grego foi vista pelos ortodoxos como uma descaracterização do judaísmo.
Para muitos judeus conservadores, o judaísmo era propriedade
nacional e não devia ser propagado entre outros povos. Já os judeus da Diáspora
se dedicaram a conquistar gentios para a religião judaica. Tal fenômeno recebe
o nome de proselitismo. Os novos convertidos eram chamados prosélitos (Mateus
23.15 Atos 2.9-11; 6.5; 13.43). Essa prática difusora da religião também foi
adotada por judeus de Jerusalém, mas em escala bem menor.
Os judeus da diáspora cresciam em número e em poder econômico.
Isso se tornou incômodo para muitos cidadãos dos lugares onde residiam. A
guarda do sábado e a recusa em participar do culto ao Imperador tornaram-se
também elementos que atraíram a perseguição. Tendo, muitos deles, fugido da
opressão na Palestina, encontraram problemas semelhantes em outras terras.
AS SINAGOGAS, OS RABIS E OS ESCRITOS RELIGIOSOS.
O surgimento das sinagogas é normalmente atribuído ao período do
exílio babilônico, quando os judeus deixaram de ter um templo para adorar e
sacrificar. O fato indiscutível é que nos dias do Novo Testamento, tais locais
de oração, ensino e administração civil eram muito valorizados. Em qualquer
localidade onde houvesse 10 judeus, podia ser aberta uma sinagoga. Em cidades
grandes poderia haver várias, como era o caso de Jerusalém. A liderança da
sinagora era exercida pelo rabi (mestre), o qual era eleito pelos membros
daquela comunidade. Essa autonomia de eleição do rabi favoreceu o
surgimento de muitos mestres com ideias religiosas distintas.
Todos estudavam a lei e elaboravam seus ensinamentos com interpretações e
comentários acerca da Torá.
Assim surgiram as midrashs e as mishnas. Midrash era o comentário
da lei. A primeira surgiu no ano 4 a.C.. As mishnas eram os ensinamentos
rabínicos. A primeira surgiu em 5 a.C.. Tudo isso compunha a tradição, que
passou a ser mais utilizada do que a própria lei. A interpretação da lei era
tão desenvolvida que chegava ao extremo de contradizer o código original
(Mt.15.1-6). Assim, os escribas e fariseus, doutores da lei, ocupavam o lugar
de Moisés (Mt.23.2). Devido a essa posição dos rabis (mestres), Jesus orientou seus
discípulos a não utilizarem esse mesmo título (Mt.23.8).
JUDAÍSMO DIVIDIDO
Nos dias de Cristo, a religião judaica encontrava-se dividida em
seitas: fariseus, saduceus, essênios, e outras. Cada facção se considerava o remanescente
fiel a Deus e via os demais como relaxados. Entre os fatores que contribuíram
para essa divisão, podemos citar:
- Diáspora – A dispersão geográfica dificultou a manutenção de uma
religiosidade padronizada.
- Sinagogas – Significaram a descentralização da orientação
religiosa. Muitos rabis representaram muitas linhas de pensamento e prática
divergentes.
- Linhagem - As misturas étnicas ocorridas no norte de Israel
contribuíram para a discriminação religiosa contra os samaritanos.
- Interpretação – Diferentes interpretações da lei conduziam a
diferentes crenças.
- Tradição – Esta era o resultado de muitos elementos:
interpretação, comentário da lei, influências estrangeiras (gregas romanas e
babilônicas).
- Política – Alguns judeus apoiavam Herodes e os romanos. Outros
eram radicalmente contra tais dominadores.
- Helenismo – Os judeus se dividiam também quanto ao apoio ou
combate à cultura grega que se expandia em todo o mundo. Tais costumes eram
vistos como os que hoje chamamos de "mundanismo". Muitos judeus se
deixavam levar, admirados com o pensamento grego e o sucesso de sua cultura.
DINASTIA HERODIANA (parcial)
As setas indicam filiação. O posicionamento dos quadros inferiores
demonstra a sucessão no governo da Palestina.
Apresentamos apenas parcialmente a dinastia herodiana porque nos
limitamos aos nomes mais próximos aos fatos do Novo Testamento. Nosso maior
interesse é apresentar a sucessão política na Palestina, principalmente na
Judéia. Herodes Magno, também conhecido com Herodes, o Grande, governava a
Judéia quando Jesus nasceu. Herodes teve 10 mulheres e 15 filhos, ou mais.
Citamos 7 deles: Antípatro II, Aristóbulo I, Alexandre, Filipe I, Filipe II,
Arquelau e Antipas II. Herodes matou seus filhos Alexandre, Aristóbulo I e
Antípatro II. Deserdou Filipe I, que era casado com Herodias, a qual veio a
adulterar com Antipas II (Mc.6.17). Após a morte de Herodes Magno, seu reino
foi dividido entre três de seus filhos: Arquelau recebeu a Judéia, Samaria e
Iduméia. Antipas II passou a governar a Galiléia e a Peréia. Filipe II recebeu os
territórios do nordeste: Ituréia, Tracomites, Gaulanites, Auranites e Batanéia.
Arquelau foi deposto pelos Romanos no ano 6 d.C.. A Judéia passou
então a ser governada por procuradores romanos. Um desses procuradores foi
Pôncio Pilatos (de 26 a 36 d.C.). Antipas II governou a Galiléia durante todo o
ministério de Cristo. Foi ele quem mandou degolar João Batista. À sua presença
Jesus foi encaminhado por Pilatos, já que este era procurador sobre a Judéia e
foi-lhe dito que Cristo era galileu, sendo portanto da jurisdição de Antipas.
Agripa I, filho de Aristóbulo e, portanto, neto de Herodes Magno,
foi o sucessor de Filipe II. Aos poucos foi herdando também os territórios dos
outros tios. Recebeu de volta dos romanos a administração da Judéia e Samaria,
tornando-se então rei de quase toda a Palestina. Foi ele quem mandou matar o
apóstolo Tiago e morreu comido por vermes (At.12). Seu filho, Agripa II, foi
seu sucessor. Seu território foi então ampliado por determinação do Imperador
Cláudio e ainda mais por Nero. Foi perante Agripa II que Paulo se apresentou
(At.25.23). Com a destruição de Jerusalém no ano 70, Agripa II mudou-se para
Roma e lá esteve até o ano de sua morte (100 d.C.). Os membros da dinastia
herodiana são muitas vezes mencionados no Novo Testamento. Todos eles possuíam
o título de Herodes. Por esta razão, muitas vezes pode-se imaginar que as diversas
passagens se referem à mesma pessoa, o que não é verdade. Pela observação dos
quadros anteriores, pode-se identificar cada "Herodes" nas passagens
bíblicas em que são citados.
IMPERADORES ROMANOS NO PERÍODO DO NOVO TESTAMENTO
César Augusto Otaviano - ano 27 a.C. a 14 d.C. - Nascimento de
Jesus - Início do culto ao Imperador. (Lc.2.1)
Tibério Júlio César Augusto - 14 a 27 - Ministério e Morte de
Jesus. (Lc.3.1).
Gaio Júlio César Germânico Calígula - 37 a 41 - Quis sua estátua
no templo em Jerusalém. Morreu antes que sua ordem fosse cumprida.
Tibério Cláudio César Augusto Germânico - 41 a 54 - Expulsou os
judeus de Roma. (At.18.2).
Nero Cláudio César Augusto Germânico - 54 a 68 - Começa
perseguição de Roma contra os cristãos. Paulo e Pedro morrem (At. 25.10;
28.19).
Sérvio Galba César Augusto 68 - Cerco a Jerusalém.
Marcos Oto César Augusto - 69 – mantém o cerco a Jerusalém.
Aulus Vitélio Germânico Augusto - 69 - mantém o cerco a Jerusalém.
César Vespasiano Augusto - 69 a 79 – Tinha sido general de Nero.
Coloca seu filho Tito como general. No ano 70, determina a destruição de Jerusalém.
Tito César Vespasiano Augusto - 79-81.
César Domiciano Augusto Germânico - 81 a 96 - Exigia ser chamado
Senhor e Deus. Grande perseguição. O apóstolo João ainda vivia durante o
governo de Domiciano.
VI - BIBLIOGRAFIA
SÁNCHEZ, Tomás Parra, Os Tempos de Jesus - Ed. Paulinas.
GONZÁLEZ, Justo L., Uma História Ilustrada do Cristianismo -
Volume 1 - Ed. Vida Nova.
TURNER, Donald D., Exposição de Os Atos dos Apóstolos - Imprensa
Batista Regular.
PACKER, J.I., TENNEY, Merril C., WHITE JR., William, O Mundo do
Novo
Testamento - Ed. Vida.
MORACHO, Félix, Como Ler os Evangelhos - Ed. Paulus.
PEARLMAN, Myer, Mateus - O Evangelho do Grande Rei - CPAD.
TURNER, Donald D., Introdução do Novo Testamento - Imprensa
Batista Regular.
THOMAS, W. H. Griffith, Como Estudar os Quatro Evangelhos - Casa
Editora
Presbiteriana.
SOUZA, Itamir Neves, Atos dos Apóstolos - Uma História Singular -
Ed. Descoberta.
CULLMANN, Oscar, A Formação do Novo Testamento - Ed. Sinodal.
GIBERT, Pierre, Como a Bíblia Foi Escrita - Ed. Paulinas.
ELWELL, Walter A. , Manual Bíblico do Estudante - CPAD.
HOUSE, H. Wayne, O Novo Testamento em Quadros - Ed. Vida
JOSEFO, Flávio, A História dos Judeus - CPAD
DOUGLAS, J.D., O Novo Dicionário da Bíblia – Ed. Vida Nova
Apostila do SEBEMGE – Pastor Delmo Gonçalves
Bíblia de Referência Thompson - Tradução de João Ferreira de
Almeida - Versão
Contemporânea - Ed. Vida
Elaborado em março e abril do ano 2000
Em caso de utilização impressa do presente material, favor
mencionar o nome do autor:
Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
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