Os Desigrejados
Quem
se agrega ao Noivo não pode deixar de congregar com a Noiva
A
primeira vez que ouvi falar dos desigrejados fiquei um pouco confuso. De
início, supus tratar-se dos sem-igreja. Afinal, há milhões de pessoas que ainda
não foram alcançadas pelo Evangelho. É só abrir a cortina da janela 10 x 40,
para visualizar povos, nações e tribos que suspiram por Deus. Em seguida,
pensei num outro grupo: os sem-templo. Pois existem muitas comunidades cristãs,
principalmente nas regiões ribeirinhas e nas caatingas, que lutam com
dificuldades ingentes para construir
seus locais de adoração.
Resolvi,
então, aprofundar-me no assunto. Fui ao computador, acionei o Google, e
digitei: desigrejados. Os sites vieram-me às dezenas. Até aquele dia, não sabia
que os desigrejados já eram um fenômeno. Tive, porém, dificuldades para
atinar-lhes com a origem. Onde surgiu essa gente? No Brasil? Ou, nos Estados
Unidos? Como as informações eram desencontradas, achei por bem deixá-las de
lado e concentrar-me no problema em si.
Descobri,
depois de alguma pesquisa, que os desigrejados compõem um grupo enorme de
evangélicos que, decepcionados com a igreja, alegam servir apenas a Cristo.
Eles têm inclusive uma confissão de fé: “Jesus, sim; Igreja, não”. Lembrei-me,
em seguida, de que em Corinto também havia um grupo de desigrejados. E eles
diziam pertencer apenas a Cristo. Havia os que revelavam forte predileção por
Cefas. Tinha os que se identificavam com Paulo. E também os que se empenhavam
por Apolo. Mas devo dizer que o pior grupo era o dos que declaravam ser apenas
de Cristo.(1Co.1.11,12)
Um
verbo fatal
Ainda
um pouco aturdido, recorri aos dicionários para ver se o verbo desigrejar já
havia sido registrado. Em nenhum dos léxicos o encontrei. Mas vim a concluir o
óbvio: embora não haja sido lexicografado, vem sendo conjugado em todas as
vozes e modos. Pelo menos é o que revela o último censo do IBGE. Suponhamos,
porém, houvesse o verbo desigrejar. Seria ele transitivo? Ou intransitivo. Precisaria
de um verbo auxiliar para emprestar-lhe algum significado? Como não sou
linguista, não posso dar-me ao luxo de discutir semelhante questão. Para mim, o
desigrejado, se algum sentido tinha, perdeu-o nalgum trecho de sua jornada.
Se
a partir desse fenômeno um substantivo foi criado, acho possível também
arranjar-lhe alguns sinônimos. Pensei nestes: desrebanhados, despastorados,
desmembrados e, finalmente, descristianizados. No momento, não me ocorrem
outros. Nos meus tempos de criança, o desigrejado era conhecido por um único epíteto:
desviado. O meigo Jesus diria tratar-se de um filho pródigo. (Lc. 15.11-32) Mas
tanto os desviados como o pródigo anseiam por voltar à casa paterna. Os
desigrejados, não; eles são a sua própria igreja. Talvez até já possuam uma ata
com os termos de sua fundação.
Rosto
bonito, corpo feio.
Como
reagiria você se alguém lhe declarasse: “Acho o seu rosto lindo, mas o seu
corpo é muito feio”. Tal assertiva seria tida como deseducada e ofensiva. Mas é
o que muitos crentes estão dizendo a Jesus. Sim, isso acontece todas as vezes
que um desigrejado profere o seu credo: “Cristo, sim; Igreja, não”. Não é Jesus
a cabeça da Igreja? E não é a Igreja o seu corpo místico? Então, como posso
achar-lhe bonita a cabeça e feio o corpo?( Ef.1.22;5.23, Cl.1.18, )
Usemos
outra metáfora. Como você se sentiria, se um amigo lhe confidenciasse: “Gosto
muito de você. Porém, não lhe aturo a esposa”. Se formos aos escritos paulinos,
descobriremos que a Igreja é a esposa do Cordeiro. (Ef. 5.21-33) E que, por
ela, entregou-se o Senhor a mais horrenda das mortes. Logo, não podemos
repugnar-lhe o corpo, nem repulsar-lhe a esposa.
A
Igreja é o grande projeto de Deus, pois através dela expande-se o Reino dos
Céus até aos confins da terra.
Eu
preciso da Igreja
Não
consigo viver sem a Igreja. Descobri que necessito mais dela do que ela de mim.
Se não vou ao culto, segrego-me. Ilho-me e distancio-me. Logo, concluo: a
Igreja, embora não me salve, é-me necessária à salvação; dela advém-me os meios
da graça.
Não
vá pensar que me guio pela cartilha de Cipriano. Pelo ano 250, escreveu o
celebrado doutor de Cartago: “Fora da Igreja não há salvação”. Mais adiante,
arremata: “Ninguém pode ter a Deus como Pai, se não tiver a Igreja como mãe”.
Não quero radicalizar-me, pois em teologia todo extremismo acaba por puxar
outro extremismo. Entretanto, ouso acrescentar: “Lugar de salvo é na casa do
Pai e lugar de filho obediente é junto à 'mãe'”.
Sei
muito bem que nem todos os que estão na igreja são Igreja. Todavia, os que são
Igreja estão nalguma igreja. A conclusão é mais do que óbvia: na igreja, está a
Igreja. E isso para mim basta. Assim como em Israel estava o Israel de Deus, o
mesmo ocorre com a Igreja. Mas, o que fazia o Israel verdadeiro? Abandonava o
Israel institucional? O remanescente fiel sabia que estar entre os pagãos era
pior do que permanecer entre os nominais. Por isso, os santos perseveravam
através de seu testemunho e confissão.
Na
esposa do Cordeiro, vemos às vezes alguma ruga. Esse sulco, porém, pode ser eu.
Ou, então, você. Mas, nem por isso, o Senhor deixa de apreciar-lhe a beleza.
Esposo amante que é, tira-lhe todos os franzidos através da ação do Espírito
Santo. E, assim, você e eu somos adornados para o dia de nossa plena redenção.
Se a Igreja é imperfeita, eu sou a sua imperfeição. Por isso, não arredo pé de
seus átrios, pois ela conduz-me, através dos instrumentos da graça, à perfeição
em Cristo.(Ef.5.27)
Creio
na comunhão dos santos
No
Credo dos Apóstolos, redigido por volta do segundo século, há uma cláusula que
me chama a atenção por sua simplicidade e beleza: “Creio na comunhão dos
santos”. Oriunda do vocábulo grego koinonia, a palavra “comunhão” denota, entre
outras coisas, companheirismo. Ora, se a palavra “companheiro” significa
etimologicamente “aquele que come pão junto”, não posso deixar de evocar esta
emblemática passagem de Atos: “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por
intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em
comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos,
à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no
templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e
singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo.
Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”
(At 2.42-47).
Na
leitura desse texto, conclui-se imediatamente: na Igreja Apostólica, não havia
desigrejados; existia comunhão perfeita. Portanto, observemos a recomendação do
autor sagrado aos que se iam desigrejando: “Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25).
Por
conseguinte, quem se agrega ao Noivo, não pode deixar de congregar com a Noiva.
Dicionário
A-Ingentes
(muito grande)
B-
Aturdido
(confuso)
C-
Léxico
(pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma=
dicionário)
D-
Lexicografado,
(inserido no dicionário)
E-
Verbo transitivo? Relacionando-o ao significado da palavra transitivo, é o que
precisa de um complemento para que a ação que expressa tenha sentido, isto é,
para que a frase tenha sentido, o significado do verbo transita para um
complemento. Dito gramaticalmente, o verbo precisa de um complemento.
Exemplos:
Comprei tomates. Não gosto de maçãs verdes. Ela deu o presente à sua mãe.
F-
Verbo intransitivo? É o que já tem sentido completo, que não precisa de
complemento. O prefixo in indica negação. Intransitivo = não transitivo, o seu
significado não precisa transitar para um complemento. A criança dormiu. (O
verbo dormir não precisa nem de objeto direto nem de objeto indireto).
J-
Epíteto:
(Palavra ou frase que qualifica alguém ou algo.)
H-
Assertiva. (afirmação)
I-
Metáfora (Figura de linguagem)
J- Etimologia é a parte da gramática que trata da história
ou origem das palavras e da explicação do significado de palavras através da
análise dos elementos que as constituem.
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